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Histórico da BNL
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Visconde Philippe de Tarrazi
Juventude

Escritor, poeta, pesquisador, historiador da imprensa árabe e dignitário da comunidade católica siríaca, Philippe de Tarrazi nasceu em 28 de maio de 1865 em Beirute. Seus ancestrais, oriundos de uma família assíria originária de Mosul, migraram para Aleppo antes de se dispersarem pelos países do Levante e o Egito. Seu pai, Nasrallah Antoine Tarrazi, conhecido por suas obras de caridade nos círculos públicos e privados, foi premiado por Sua Santidade o Papa Leão XIII com o título de Conde, que foi herdado por seu filho Philippe. Philippe de Tarrazi aprendeu árabe e francês na Escola Patriarcal (1873-1875), e depois integrou o Colégio dos Padres Jesuítas (1875-1884) onde obteve um diploma de ciências e aprendeu latim, grego e italiano.

Atividades sociais e políticas

Depois de se formar, tornou-se um comerciante rico e viajou para vários países, onde conheceu inúmeras figuras políticas e do campo cultural (1899-1913). Durante a Primeira Guerra Mundial, ajudou os necessitados. Acusado de espionagem contra o Império Otomano durante a Guerra, foi preso por dez dias e depois libertado sob fiança. Durante os 81 dias de seu julgamento, foi escoltado de Beirute para Aley (sua terra natal), até que a comprovação de sua inocência. Quando o exército francês ocupou a costa síria em 1918, o governo francês criou a Direção de Abastecimento e nomeou Tarrazzi como Inspetor Geral. Membro de diversas comissões, Tarrazi foi nomeado, em 1919, juntamente com oficiais do exército francês, para ser membro da Comissão para Avaliação das propriedades ocupadas pelos soldados. Neste posto, Tarrazi buscou defender os direitos e os interesses de seus compatriotas. Também fundou a Comissão de Assistência de Emergência para a população atingida pelo desastre do país (1920). Membro de mais de quinze associações, incluindo a Associação da União Cristã, que trabalhava para a independência do Grande Líbano, também presidiu várias outras, incluindo a Sociedade São Vicente de Paula (1898-1906), a Associação Siríaca para Obras de Caridade e a Irmandade da Sagrada Família. Alistou-se na Associação para a Reforma, que pedia a reforma do Império Otomano. Também foi eleito membro de várias sociedades científicas, incluindo a Sociedade Alemã para o Estudo das Condições dos Países Muçulmanos, em Berlim, a Academia Árabe de Damasco, a Academia Síria em Beirute, a Comissão dos Nomes de Rua de Beirute, a Associação dos Bibliotecário da França, e a Comissão da Biblioteca de Al-Aqsa em Jerusalém.

Atividades intelectuais

O Visconde de Tarrazi escreveu em várias revistas e jornais. Também compôs mais de cinco mil versos, a maioria deles reunidos em dois volumes: Nafhat al Tib (Aroma de Perfume), que infelizmente foi perdido, e Kourat al Ain (Favorito). Apaixonado por antiguidades, Tarrazi era um exímio colecionador. A partir de 1889, começou a colecionar os primeiros números de revistas e jornais em vários idiomas (árabe, turco, assírio, hebraico, armênio, persa, tártaro, curdo, hindi, urdu, dentre outros). Ele os classificou metodicamente por data de publicação. A coleção árabe sozinha chegou a ter 1900 jornais e revistas. Em 1913, escreveu um livro intitulado “Histórias da Imprensa Árabe”, que foi descrita como “uma obra abrangente da história da imprensa árabe, do Oriente ao Ocidente”, e que até os dias de hoje é considerada como uma referência. A obra foi dividida em quatro seções, com um prólogo de oito capítulos, onde apresentou a imprensa árabe, sua ética e os nomes de seus historiadores. O livro está concluído com uma lista geral apresentando todos os jornais da época, dispostos em ordem de país de publicação. Além de uma importante coleção de selos, Tarrazi também possuía uma coleção de caligrafias de homens e mulheres famosos do Oriente, incluindo sultões, reis, ministros, príncipes, eruditos, poetas e líderes religiosos. Contribui para a promoção e difusão de escritos culturais. Ademais, ofereceu à escola de católicos siríacos Deir al Charfeh (Líbano) e ao sindicato de jornalistas em Beirute uma importante coleção de livros, manuscritos e impressos, que havia recebido como doações de associações culturais e academias estrangeiras. Igualmente ofereceu um grande quantidade de livros à Biblioteca Khédive no Cairo, Biblioteca Imperial de Viena, Biblioteca Nacional de Londres, Biblioteca do Vaticano em Roma, Biblioteca Estadual de Berlim, Biblioteca de Hamburgo na Alemanha, Biblioteca da Escola de Línguas Orientais em Paris, Biblioteca de Al-Aqsa em Jerusalém, Biblioteca dos Monges Beneditinos no Monte das Oliveiras, Mosteiro de Mar Behnam em Mosul.

Ele recebeu mais de vinte condecorações.

A criação da Grande Biblioteca da Beirute
Após constatar que Beirute, a cidade da cultura e do conhecimento, carecia de uma biblioteca nacional, ou simplesmente um lugar onde os intelectuais pudessem ler e pesquisar, Tarrazi propôs a ideia da criação de uma instituição como tal ao governo. A ideia do Visconde foi aprovada e ele foi encarregado de implementar o projeto. A partir de então, colocou todos seus esforços, tempo e dinheiro a serviço desse projeto. Instituiu, assim, uma biblioteca que ficou conhecida como a "Grande Biblioteca de Beirute" Começou por transportar sua coleção privada, que incluía livros valiosos - manuscritos e impressos – além de uma grande coleção de revistas e jornais, que formaram o cerne da Biblioteca. Com o objetivo de desenvolver o acervo da Biblioteca, viajou para a Europa à suas próprias custas. Reuniu e trouxe milhares de livros de institutos literários, instituições culturais e academias, além de antiguidades para decorar a Biblioteca, cujas paredes decorou com retratos, imortalizando assim, os famosos intelectuais do país.

Em 25 de julho de 1922, a "Grande Biblioteca de Beirute", localizada nas instalações conhecidas como "Diaconisas" no centro de Beirute, foi inaugurada oficialmente, sob a presidência do General Gouraud. Tarrazi foi nomeado Secretário Geral da instituição até 1939.

Falecimento
No final de sua vida, Tarrazi ficou cego e paralisado. Veio a falecer em 1956, em Aley, sua cidade natal. Seu corpo foi transportado para Beirute, onde foi enterrado no cemitério para os católicos siríacos.

Obras
Tarrazi publicou diversos livros e artigos em árabe sobre os mais variados temas. Consulte a lista de suas publicações.

A Biblioteca Nacional do Líbano: nada foi mencionado de nomes associados à biblioteca nas antigas referências das instituições do Estado Libanês até 1959. Antes deste ano, muitos nomes foram usados, incluindo: A Biblioteca (Dar al-kotob), a Biblioteca Nacional (Dar al-kotob al-wataniyya), a Biblioteca Cívica (Al-maktaba al-ahliyya), a Grande Biblioteca (Dar al-kotob al-kubra) e a Biblioteca Libanesa (Dar al-kotob al-loubnaniyya) .

O Decreto nº 2869, de 16 de dezembro de 1959, estruturado pelo Ministério da Educação Nacional, menciona a Biblioteca Nacional sob o nome da divisão de Biblioteca. Quanto ao nome de "A Biblioteca Nacional", ele é oficialmente mencionado na lei nº 36 do ano de 2008, pertencente a instituições públicas adscritas ao Ministério da Cultura.
Fontes
الأعلام/ الزركلي، 2002: (فيليب (الفيكونت) بن نصر الله بن أنطوان دي طرّازي؛ 1282-1375هـ = 1865-1956م)
معجم المؤلّفين/ عمر كحالة، 1959: (فيلب طرّازي؛ فيليب بن نصر الله دي طرّازي؛ 1882-1375هـ = 1865-1956م)
معجم المطبوعات العربيّة والمعرّبة، 1928: ص. 1237 (طرّازي، الويكنت فيليب؛ فيليب بن نصر الله بن أنطون بن نصر الله بن إلياس بن بطرس دي طرّازي)
نبذة تاريخيّة عن دار الكتب اللبنانيّة، 1948: ص. 149 (الفيكونت فيليب دي طرّازي؛ 1865-)
الموسوعة العربيّة، آخر مراجعة بتاريخ 06 نيسان 2011: (طرّازي، فيليب نصر الله؛ 1865ـ 1956...) http://www.arab-ency.com/index.php
القاموس العام، 1923: ص. 51 (الفيكونت فيليب دي طرّازي)
تاريخ الصحافة العربيّة، 1913: ص.3

Comunicado de imprensa: